Pobreza menstrual

  A decisão infeliz do Presidente da república de vetar o projeto de lei número 4.968/2019, que determina a distribuição de absorventes higiênicos para meninas e mulheres pobres, supera o absurdo para um gestor do executivo. O tema não é apenas um ativismo feminino, é um direito à higiene menstrual, é uma questão de saúde pública, é uma questão de direito humanitário. São 5,6 milhões de mulheres que vivem em total precariedade durante seu ciclo menstrual, 4 milhões de meninas só nas escolas públicas do país. 1/4 da população brasileira que menstrua, não tem acesso à absorventes, e devido a essa precariedade financeira, elas acabam usando papel de várias origens, miolo de pão, jornal, folhas de árvores, espumas variadas e outras formas paliativas. O que pode levá-las a morte por infecção. Contudo, a pobreza menstrual vai muito além da falta de dinheiro, para comprar produtos de higiene menstrual adequados. Ela também denuncia o problema da falta de acesso à água tratada, saneamento básico, desigualdade social extrema. Tais carências, afetam a saúde física, mental, psicológica e a auto estima das pessoas que menstruam. 94% de mulheres de baixa renda, não sabem o que é pobreza menstrual. Ou seja, não conseguem identificar que vivem uma realidade de vulnerabilidade extrema.  A ausência de absorventes, além de provocar uma perda de confiança e autoestima nas mulheres, retratada no documentário “ Absorvendo o tabu”, vencedor do Oscar no ano de 2019 (melhor documentário curta-metragem), causa ainda mudanças de comportamentos nessas pessoas e impactos diretos na sua educação. A evasão escolar de adolescentes em período menstrual é um importante sinal de que o tema deve ter notoriedade pública e estar presente nos debates governamentais. Ainda, dados do relatório Livre para Menstruar mostram que o problema permeia o ambiente no qual a mulher está inserida. No Brasil, 20% das adolescentes não possuem água tratada em casa e 200 mil estudam em escolas com banheiros sem condições de uso, o que torna ainda mais difícil o manejo da higiene menstrual. Um dos principais motivos pela ausência de itens para higiene íntima é de natureza financeira. O relatório estima que uma pessoa que menstrua gasta entre R$ 3 mil e R$ 8 mil reais ao longo de sua vida com a compra de absorventes, o que para as pessoas que se encontram em situações de vulnerabilidade social, representa aproximadamente quatro anos de trabalho para custear todos os absorventes que serão utilizados em sua vida.

Márcio Manoel Ferreira - Geógrafo e ambientalista - marciogeografia@hotmail.com

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terça-feira, 13 maio 2025

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