A igreja Católica já avisou que os 133 cardeais que deverão participar da escolha do novo papa já estão em Roma. As reuniões preparatórias já começaram e as providências necessárias já estão sendo adotadas. Admitir que a igreja já estava se preparando para a sucessão de Francisco, mesmo antes de sua morte, seria uma grosseria já que estariam admitindo a expectativa pela morte do pontífice. Expectativa e desejo as vezes se confundem. Então, este hiato entre a morte e o início do Conclave é um gesto de respeito e permite com que os Cardeais votantes se conheçam melhor. Aliás, falando em Cardeais votantes é necessário explicar que os maiores de 80 anos não participam do Conclave, reunião para escolha do novo papa. Isto faz com que apenas 135 dos 252 Cardeais Católicos no mundo possam votar. Como 2 não poderão ir a Roma por questões de saúde, restaram os 133 de que falamos.
A Igreja Católica ainda é um dos ramos mais expressivos do Cristianismo. A despeito de estarem perdendo membros ao longo de sua história, ao ponto de preocupar-se com o fenômeno mais do que admitem, ela continua tendo força política e cultural sobre muitos grupos sociais. No entanto, ou mesmo por isto, sofre do problema que muitas igrejas enfretam hoje: Servir a Deus ou agradar ao homem para manter cativo seus membros?
Uma verdade consagrada nos Escritos é a imutabilidade de Deus. Ele é o mesmo sempre: ontem, hoje e amanhã. Assim diz a carta a Tiago, Capítulo 1 Versos 16-17: ¹⁶ Não erreis, meus amados irmãos. ¹⁷ Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. Continua Hebreus 13:8: Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente. Assim, por princípio doutrinário entendemos que as leis de Deus são imutáveis, devendo o homem ser fiel a Ele e à sua palavra, independente do tempo e lugar em que estejam. Em tempos de suscetibilidades frágeis, em que cada um tem seus direitos muito acima das obrigações, fica difícil pregar sobre Deus sem esbarrar no conflito entre dizer a verdade fática e a verdade desejada.
É bem verdade que os Cardeais reunidos em Roma não terão condições de avaliar inclinações doutrinárias de cada candidato na escolha do novo pontífice. Tanto quanto é certo que esta será uma questão presente durante todo o processo de escolha. Como não se conhecem bem, é possivel que a escolha que farão não atenderá às expectativas, exceto pelo fato de que nós Cristãos acreditamos verdadeiramente sermos guiados pela vontade do Espírito Santo de Deus. Ser guiado pelo Espírito não quer dizer que acertaremos sempre. De forma alguma. A direção pode vir do alto. Mas o livre arbítrio é um fator que dificulta em muito nossa comunicação com o sagrado. Por isto não podemos nos esquivar de nossas escolhas.
RAPIDINHA: Mateus 22:35-40 diz: ³⁵ E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo: ³⁶ Mestre, qual é o grande mandamento na lei? ³⁷ E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. ³⁸ Este é o primeiro e grande mandamento. ³⁹ E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. ⁴⁰ Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. O amor de Deus é incondicional. É de receber e curar. Isto, contudo, não autoriza pensar que o amor de Deus é conivente com o pecado. Pois Ele também é justiça. Por isto, quando livrou a mulher flagrada em adultério, depois de todos que a queriam apedrejar se afastaram, Jesus disse: vá e não peques mais. Ele poderia ter dito apenas: Eu também não te condeno. Mas Ele disse: Vá e não peques mais. Óbvio que ela pecou. Você pode acreditar que não, mas o provável é que sim. O que conta não é a entrega mas a disposição. A vontade de obedecer e não pecar mais. Podemos até questionar a capacidade humana para não pecar. Mas não podemos questionar que temos que fazer uma escolha: Vá e não peques mais.
Avelar Lopes de Viveiros - Cel PM RR
Especialista em segurança