Em vésperas de eleição, ela é o maior pesadelo do político nas pesquisas de opinião pública. Para alguns, mais importante que estar na frente das pesquisas é ser o menos rejeitado.
Um artigo do jornalista Gaudêncio Torquato, no jornal da Universidade de São Paulo, intitulado “Rejeição mata candidaturas”, nos diz:
“A rejeição constitui uma predisposição negativa que o eleitor adquire e conserva em relação a determinados perfis.
Em São Paulo, quando Paulo Malufatuava na vida pública, sempre teve altos índices de rejeição, mas passou a administrar o fenômeno depois de muito esforço. Tornou-se menos arrogante, o nariz levemente arrebitado desceu para uma posição de humildade e começou a conversar humildemente com todos, apesar de não ter conseguido alterar aquela antipática entonação de voz anasalada.
Pesquisas qualitativas indicam as causas. Aparecerão questões de variados tipos: atitudes pessoais, jeito de encarar o eleitor, oportunismo, mandonismo, valores como orgulho, vaidade, arrogância, cooptação pelo poder econômico, história política negativa, envolvimento em escândalos, ausência de boas propostas, descompromisso com as demandas da sociedade”.
Motivos nunca faltarão ao eleitor para justificar a sua antipatia e decisão de não votar em certas pessoas. Resolvi fazer este modesto artigo, após uma pergunta de um cidadão vianopolino, que gostaria de saber minha opinião sobre a grande rejeição do prefeito Samuel Cotrim.
Não vejo a administração de Samuel Cotrim como a pior da história política de Vianópolis, mas bem longe de ser a melhor. Existem fatos que merecem uma análise.
A primeira delas é relacionada ao valor da dívida da prefeitura, que acumula só na previdência dos servidores, mais de R$ 7 milhões de reais. Isto deixa o funcionário de carreira apreensivo, preocupado, ressentido e desconfiado.
O município teve uma média dearrecadação em 2023, segundo o seu orçamento, em torno de R$ 7.153.918,58mensal, com quase a metade desse valor: R$ 3.348.269,08, destinado a pessoal e encargos sociais. Do restante, importante ressaltar, que o mínimo de 25% teve que ser investido na educação e 15% na saúde, ou seja, sobroumuito pouco para investimentos de custeio. Émuito difícil ver a quitação dessa e de outrasdívidas, que dizem ultrapassar R$ 14.000.000,00, em curto espaço. Isso trava a boa administração, razão pela qual não vimos nenhuma obra impactante em Vianópolis.
O que salva para algumas comemorações, são os investimentos de verbas federais e o trabalho profícuo do deputado estadual Issy Quinan, que tem levado diversos recursos e obras, como o asfaltamento do trecho Três Boiadeiros - Vianópolis, que embora esteja no município de Silvânia, serve de anel viário para Vianópolis, ainda de responsabilidade do deputado está a construção de uma UPA 24 horas, que ainda não libertará o município do convênio com o hospital São Sebastião. Outra obra é a possibilidade de construção de um CMEI, com verbas asseguradas pelo deputado federal, Rubens Otoni (PT). Fora essas três,não temos nenhuma ação que demonstre que Samuel trouxe o progresso e a visibilidade para o município. A população continua somente vendo os feitos de Issy Quinan em suas duas gestões e agora, na condição de deputado.
Outro ponto que pesa em sua rejeição é o apoio de Issy Quinan, que não é certo na sua reeleição. Fato inconteste, é que quem ganhou a eleição passada, não foi Samuel Cotrim, que em 2020, não conseguiu se reeleger vereador. O papel de Issy Quinan e seu grupo, que não é pequeno, foi crucial para a vitória do prefeito.O MDB, União Brasil e DC, só aguardam decisão do deputado, todos com chapas fechadas de pré-candidatos ao Legislativo, para demonstrar o apoio.
Lembrando da voz anasalada de Maluf, que foi proposital citar, a de Samuel Cotrim não fica atrás. Seus vídeos monólogos, tem se tornado memes. São excessivos, longos, repetitivos, cansativos e para arrematá-los, ainda soltavam um resumo da semana do senhor “Reis”. Tudo que excede, cansa.
O tratamento do prefeito com alguns de seus subordinados, demonstram desequilíbrio, mandonismo, prepotência, que acabam sendocoerções inaceitáveis. Isto pesa muito no atual prefeito. Vivenciei isto com uma pessoa bem próxima.
O alarde feito para o Rodeio Show 2024 e o anúncio do seu “adiamento”, trouxe contrariedade para a população e comerciantes. Ouvi reclamação de pessoas que demoraram para serem ressarcidos do dinheiro do camarote, sem nenhuma ressalva do poder público. Fazer a festa, tornou-se um sonho e mais uma promessa. Ela não poderá ser palanque político para o prefeito. Acho muito difícil que ela ocorra e se a fizerem, não deverá ser gratuita, garantem alguns.
Por fim, falo do clientelismo, que é perceptível no município. Dizem os mais afoitos, que a prefeitura tem se tornado um comitê eleitoral. Os excessos de programas sociais com baixa densidade, que visa o voto, tem causado mais revolta do que simpatia. É cheque demais para dinheiro de menos.
Parece fácil apontar os erros e deslizes do gestor Samuel Cotrim. Estou respondendo o que perguntaram. Será absolutamente natural se a população oferecer a ele mais quatro anos, dando mostras que sua rejeição não foi maior que sua aceitação. Assim, ele poderá bater no peito e dizer: não dependi de deputado e nem de seu grupo, ganhei por méritos próprios. Mas até lá, muitas coisas devem acontecer.
Estamos muito próximos das convenções e ela nos demonstrara os apoios partidários e respectivamente, suas possíveis coligações. Importante ressaltar, quem será o vice de quem, pois a decisão pesa sobremaneira em uma eleição.
Cleverlan Antônio do Vale - Articulista da Folha Metropolitana